29 abril 2008

A MINHA MADRUGADA NO CENTRO DE SÃO PAULO

Ainda não li nada sobre a Virada Cultural. E é melhor assim. Quero passar impressões neutras e particulares da MINHA virada. Da meia dúzia de dicas que listei pra vocês, não vi muita coisa - tinha uma turma que ou via a Gal Costa ou morria. Lá fui eu montar minha programação ao redor do show da baiana que a voz continua a mesma, mas os seus cabelos… quanta diferença. Eu não vi diferença nenhuma mas ela insistiu em tocar no assunto umas 17 vezes durante o show.

Já que ia rolar Gal, chegamos cedo pra ver Cesária. Um som gostoso, latino, perfeito pra acompanhar uma cerveja e um bom papo ou arranjar um pé de valsa e sair bailando. Sim, dava pra dançar até metade do show da cantora cabo-verdiana. Mas o que a música tem de gostosa a intérprete tem de inexpressiva. Miss Évora parece mais um ídolo de madeira no palco, no máximo pende para um lado e para o outro. No fim eu realmente achava que viria alguém com um carrinho retirar a moça do palco. E a mulher só tem 67 anos – Cesária, desculpa por revelar a idade.

Acabado o show, acabadas 3 cervejas, tá na hora do primeiro xixi. Banheiros próximos e quase sem fila até por volta das 21h. Deu inclusive pra cruzar amigos no caminho e bater papo. Parece que a Gal vai entrar, fudeu! A volta era digna da pipoca de Salvador e se não fosse pela pseudo-baiana Júlia que me acompanhava, não conseguiria chegar até a beira do palco em tempo recorde.

O público dos prédios aumentava nas janelas e garantiam um show a parte. A simpatia de Gal era contagiante e dava até para um psicótico como eu esquecer a multidão que estava atrás de mim e curtir o show. Foi quase uma hora e meia embalada por grandes sucessos da música brasileira, a maioria deles lançados na voz da própria Gal.

Fim de show, uma multidão se afastava do palco e eu me senti em plena marcha dos pingüins. Desencontros a parte. Banheiros agora já lotados. Seguimos para fazer uma boquinha no Mc Donalds da Av. Ipiranga – aposto que foi o maior faturamento do Ronald em todo o ano. Foi aí que eu entendi o conceito de LOTADO. Engoli uma promoção nº 2 com batata grande – minha nutricionista vai me matar – e partimos para a exploração. Passamos pela 24 de maio e vimos algumas instalações na rua, mas tudo muito fraco devo confessar. No finalzinho da rua havia cabines exibindo alguns curtas sobre diferentes visões do cotidiano do centro de Sampa. Chegamos ao Teatro Municipal com uma prevista e razoável fila para assistir aos shows, mas tudo muito organizado. No Shopping Light aconteciam espetáculos com performances aéreas de bailarinos e um reggae infernal na frente das Casas Bahia (antiga sede da Mesbla e do Mappin).

Terminamos a noite na Virada das Vampiras. TERRÍVEL. Por muitas vezes me pergunto se eu emburreci ou se as pessoas largaram de mão mesmo. “Atores” agindo como internos do Instituto Pinel com uma justificativa do caótico e conturbado mundo de hoje não são arte nem aqui nem… nem sei lá onde. E a confusão era tanta na calorenta Galeria Olido que não deu nem pra entender onde estavam passando as sessões de filme trash. Vocês acreditam que em uma das instalações – é assim que se chama aquilo? – pessoas rolavam escadas cobertas de jornal e um homem limpava um cocô de mentira. Dá pra entender?

Aí bastou. Como tinha X Games no dia seguinte peguei o metrô República, relativamente cheio e voltei pra casa. Eu fiquei admirado com a tranqüilidade e a organização das ruas nessa madrugada. Fico feliz e até num sentimento meio ufanista, orgulhoso de pagar o meu IPTU aqui. Ano que vem repito a dose.

P.S.1: Como disse no início do post, essa foi a minha visão da noite. Provavelmente devem ter sido registrados 1789 delitos, mas não foi o que eu vivi.

P.S.2: Dor no coração de não ter conseguido assistir Bossacucanova, Fernanda Takai cantando Nara Leão, Orquestra Imperial e Jorge Ben Jor.

3 comentários:

  1. Se você não fosse redator sugeriria seguir carreira, mas já sendo um desses publicitários enlouquecidos e transtornados como eu, sugiro que escreva um livro, um livro de crônicas...se não quiser tudo bem, já guardei essa como a primeira...um dia eu publico "Crônicas de...de...escreve pelo menos o título vai! Eu publico! A-M-O!

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  2. Passados alguns dias já sabemos que não, não houveram ocorrência graves. São Paulo "exuzou" a mandiga que constava na encruzilhada pelas imediações da Sé no ano passado.

    Eu compareci boas horas das mais de 24h de evento e a impressão que fica é que a maior tarefa da Virada Cultural foi cumprida: a população de São Paulo pode usufruir de sua cidade em plenitude, sem medo da violência.

    A sensação de liberdade a que se teve acesso durante o evento pode expandir a consciência do espaço público como um bem comum a todos os cidadãos da cidade.

    Avante! Abração, Zeca Bral.

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  3. Fernanda Takai? Eca...

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