18 maio 2008

Agora, as escolas também vão ganhar nota


É unânime o crédito que se atribui a educação como forma de tirar o Brasil do miserê secular a que estamos submetidos. Daí que vejo com entusiasmo uma notícia como a que constou em nossos jornais na semana passada a respeito do lançamento do Programa de Qualidade Escolar - Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), que consiste numa ferramenta do governo estadual para verificar a quantas andam o ensino público, pago com o nosso rico dinheirinho.

Intensiona-se expor a qualidade das escolas a todos os cidadãos interessados em acompanhar a evolucão do ensino de seus filhos e também bonificar os educadores envolvidos por intermédio desse critério, o da pontuação.

Funciona assim: o governo aplica uma prova (matemática e Língua Portuguesa) aos estudantes de toda a rede estadual (4ª série) e finais (8ª série) do ensino fundamental e do ensino médio (3ª série). A partir das notas obtidas pelos alunos nos exames do SARESP, é possível agrupá-los em quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado.

Hoje, apenas 7 das 5.183 escolas estaduais paulistas possuem qualidade de ensino semelhante a países como Suíça, Coréia e Alemanha.

Para obter a nota da escola levará-se em conta também um outro índice, o do fluxo escolar, que vai avaliar a taxa média de aprovação nas séries iniciais (1ª à 4ªsérie) e finais do EF (5ª à 8ª série) e do EM (1ª à 3ª série). Um cálculo a partir deste dois dados resultará em uma nota que vai constar no boletim da escola, acessível a toda população no site do governo.

Enfim poderemos utilizar de argumentos palpáveis e comparar cada escola afim de ter mais assertividade na escolha do colégio das criancas, hein, dona Maria? E ainda discutir processos educacionais que levaram esta ou aquela instituição ser mais eficiente. Fica avisado que é imprescindível a sua participacao neste processo, hunf!

O governo estipulou uma meta para a eficiencia de toda a rede de ensino estadual: planeja-se que até 2030 estará igualzinho aos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - entidade internacional que abrange 30 países de todo o mundo). Quem viver verá.

Zeca Bral segue animado com o desenvolvimento do intelecto político brasileiro de estipular metas a longo prazo.

(+) Folha OnLine

(+) Gilberto Dimenstein

foto: sxc.hu

2 comentários:

  1. Pois bem. Só tem um problema aí nesta avaliação: a avaliação, na verdade, salvo casos isoladíssimos, não avalia nada.
    São notórios o esforços de governos e prefeituras, especialmente a do PSDB em São Paulo, em maquiar os dados de maneira a elevar as estatísticas do que considera
    "aprendizado eficiente". De modo que (ouvi isto da boca de professores do fundamental 2 e do ensino médio)após o lançamento destas medidas, há nas escolas uma pressão sobre os professores de dar uma prioridade absoluta a português e matemática, além da prioridade de maquiar dados, para a escola não ser mal-vista (brasileiro é foda, adimitamos...). História, geografia, física e biologia? "Não interessa, o que reprova é português e matemática" - fala de alunos de F2 e ensino médio.
    Concordo: o estudante precisa raciocinar. Mas o raciocínio não se restringe à fórmulas matemática; o aluno precisa dominar as regras do registro formal escrito e precisa saber concatenar e reconhecer o discurso. Precisa saber falar, e precisa saber ouvir. Porém, nada está estanque, nada está separado de outras matérias.
    Dar um totózinho inicial para maquiar dados e depois publicar estatística é fácil. O difícil é boa vontade política para financiamento massivo em educação básica. Difícil é ter uma verba fixa para levar periódicamente os alunos da rede para museus, cinemas, teatros e quetais aparelhos de cultura, ou para trazê-los para dentro das escolas. Difícil é construir uma biblioteca pública por bairro, estipular um cardápio na merenda com qualidade. Difícil é diminuir o número de alunos por sala de aula, e por conseguinte, a construção de mais escolas, com arquitetura decente e um ambiente agradável.
    Para quem não assistiu, recomendo "Para o Dia Nascer Feliz", do Jaime Jardim.

    Lebremos-nos que se em São Paulo está ruim, imagine em Cabobró...

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  2. Putz, pus crase em " a fórmulas"... foi mal, aê...

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