07 maio 2008

Isabella, uma novela rentável


Eu não ia falar sobre isso, mas ontem aconteceu e hoje pela manhã zapeando a tv fui novamente bombardeado. Daí que senti a necessidade de reclamar. Porque diabos o alvoroço da mídia diante do caso Isabella? Tipo assim, já deu né?
Terremoto rolou em Sampa, Padre foi pro céu de balão, diga-se, Ronaldinho e seus travestis tentaram, mas também não conseguiram matar de vez a pobre Isabella.
Te juro que tentei evitar ao máximo minha exposição à este caso, talvez até por um presentimento de que a nossa imprensa marron esgotaria a matéria com a sagacidade matreira com que desenvolvem certos assuntos.

Não é de assustar que uma tragédia familiar, isolada, cause tanta comoção na mídia? Afinal, convenhamos, isso não tem representatividade para a doença social de qual somos enfermos, pois é só abrir as páginas de qualquer jornal e constatar crimes mais atrozes.

Mas a menina Isabella ocupa o noticiário há mais de 1 mês. Pois é, o fato ocorreu em 29 de março, quando as águas ainda fechavam o verão. Essa espetacularização é danosa ao bem-estar social; não podemos confiar em quem fez juramento de imparcialidade e que no cargo de sua profissão deleita-se em emoção.

Tanta exposição sugere uma imprensa comprometida com a audiência, e não com a informação.
A Folha Online de 18.abril ressaltava os dados da audiência das tvs "Caso Isabella faz audiência de telejornais crescer até 46%", citando investimento em cenografia por parte da Record, para abordar o tema. É provável que as revistas semanais também tenham faturado mais, infelizmente não encontrei nenhum dado pra constar aqui.

Terrível é não encontrar o mesmo entusiasmo dessa mídia em se tratando de assuntos de interesse comum. A coisa no Pará tá feia; 300 estão ameaçados de morte pelos coronéis donos do estado, e numa sincronia espantosa vimos que o Tribunal de Justiça daquelas bandas absolveu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado pelo assassinato, em 2005, da freira Dorothy Stang. Tudo isso virou manchete ontem. Esperemos que o público, telespectadores assíduos de folhetins, tenham o mesmo interesse no desfecho dessa novela ou sintonizem em tantas outras por aí.

Zeca Bral diz :: Minha mãe que é nordestina e cristã de nascença, mantém lá seus costumes e pede pra acender uma vela e orar para que o defunto - finalmente - descanse.

foto via | www.mwbra.com

2 comentários:

  1. cd a cultura popular?
    até mais
    se cuida!

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  2. Não é só a bancada ruralista que cuida dos interesses dos bois e vacas: a grande imprensa, também.

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