30 abril 2008

ENTRE MOCINHOS E BANDIDOS

Hoje de manhã, assistindo ao Bom dia Brasil, vi a notícia do assassinato de um estudante pela polícia carioca. Vendo assim a gente já começa a xingar a corporação e lá vem aquela ladainha velha de guerra de que todo policial é corrupto e tropa de elite, Capitão Nascimento, blábláblá. A notícia segue no mesmo tom, no entanto revelando novos fatos.

O estudante de Direito Thiago Henry Siqueira Oazen, de 19 anos, vinha com mais 6 amigos, todos de moto, de um baile funk em Jacarepaguá quando furaram uma blitz e o rapaz foi atingido com um tiro na cabeça.

Vejam bem, eu também sou contra ao sistema do atira depois pergunta. Mas infelizmente é assim que as coisas funcionam no caos carioca atual.

A justificativa dos rapazes para furar o bloqueio era que Thiago estava sem habilitação. O que diabos passou pela cabeça desse menino ao acelerar quando a polícia pediu para ele parar? Ele pensou que eles não iriam segui-lo? Ele pensou que em uma perseguição ele iria escapar?

Por que não parar, ter a moto apreendida, pagar a multa ou arcar com a possível cervejinha – leia-se extorsão, suborno – dos camaradas. Ele teria uma gigantesca dor de cabeça com o nosso sistema burocrático, levaria um baita esporro do pai e seria zoado pelos amigos pro resto da vida. Mas tudo isso seria melhor do que por em risco a própria vida.

Deus, como eu entendo a dor desse pai que se debruça no caixão do filho único e chora dizendo que destruíram sua família. Mas não temos como taxar como incorreta a conduta da polícia.

Na madrugada, numa região perigosa da cidade, um policial aborda um suspeito. Ele foge. O que você espera que ele faça? Atire. É claro! Policial nenhum tem radar pra saber se quem está rompendo a blitz é mocinho ou bandido. Thiago poderia ser um traficante, um assaltante, um serial killer, um cara que joga crianças de 5 anos do sexto andar ou simplesmente o que ele era: um estudante voltando pra casa. Mas não se comportou como tal.

Moral da história: não dá para cobrar da polícia - não nesse caso - uma postura diferente. Estudantes, donas de casa, trabalhadores comportem-se como estudantes, donas de casa e trabalhadores. Pessoas de bem que se comportam como marginais infelizmente terão o tratamento destinado a marginais.

3 comentários:

  1. Concordo com você, infelizmente as coisas andam tao brabas que ou o policial atira( e se defende de um possível criminoso)ou então corre risco de vida deixando passarem em branco.
    Quem não deve não teme. Precisamos ser mais cidadãos e cometer menos erros, e não temer represália de ninguém.

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  2. Então você acha que um traficante, um assaltante, um serial killer, um cara que joga crianças de 5 anos do sexto andar devam todos ser sumariamente executados? Ou seja, bandido bom é bandido morto?

    Entendo que a violência e a impunidade constantes provoquem um sentimento de inquietação, mas concordar com a atitude da polícia de atirar antes de qualquer coisa, é hipocrisia e reafirma a violência e a impunidade.

    Não acredito de maneira nenhuma que tenha passado na cabeça do polícial que ele estaria atirando no estudante a fim de proteger a sociedade contra um possível bandido. Certeza que ou foi despreparo e/ou simplesmente porque ele podia. E despreparo + poder é uma combinação perigosíssima.

    Diariamente a polícia do Rio de Janeiro executa bandidos e pessoas inocentes. E se essa loteria fatal fosse realmente eficiente, alguma diferença notória já haveria de ser sentida na sociedade. E não é assim que acontece.

    Não se pode confundir o papel da polícia. Ela não é o capataz que executa condenados, não é para ela brincar de jogos de poder a la counter-strike com headshots e afins. O seu papel é garantir a segurança da população e isso nunca vai acontecer enquanto policias atiram em motoqueiros que furam a blitz, sejam estes bandidos ou estudantes

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  3. É equivocado legitimar um ato insolente de romper com uma vida, embora seja compreensível tal raciocínio levando em conta a bárbarie que estamos sujeitados neste triste cotidiano perdido em números de guerra.
    Atentemo-nos ao fato que a verdade é sempre a soma de duas supostas verdades submetidas à nossa avaliação, mas agora com o rapaz transformdo em vítima, mudo em seu leito de morte, não temos mais o que precisávamos para o nosso juízo. A verdade, neste caso, não será revelada.

    A constituição brasileira não permite pena de morte, cabe à sociedade exigir justiça em qualquer caso que se assemelhe a este pelas sombrias periferias do país.

    Avante! Abração, Zeca Bral

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