12 maio 2008

Parlapatões tenta o seu inverso, e erra feio.


"A senhora dos afogados" do Antunes no SESC Consolação, "Não sobre o Amor" do Felipe Hirsch no centro CCBB, "Balé da Cidade de São Paulo" com um mix de coreografias comemorando seus 40 anos no SESC Vila Mariana, todos estavam com ingressos esgotados no últimos sábado (10), anunciavam as telefonistas, já a bilheteria do Espaço Parlapatões dizia haver ingressos para "Vaca de Nariz Sutil", foi a deixa para eu partir com um amigo e conferir o que seria a primeira "tragédia" do cômico grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões, mas tragédia mesmo foi a nossa.

Com uma montagem histérica eloquente o Parlapatões decepciona. A peça trata de um ex-combatente de guerra que se apaixona por uma garota de 15 anos, filha do zelador de um cemitério e débil mental. Isso posto, o personagem segue a questionar o fato de ser remunerado pelo Estado para ser um assassino em guerra e julgado pela sociedade como um criminoso por conta do amor que sente por Valquíria.

Isso você lê no programa da peça e com mais detalhes no romance homônimo do mineiro Walter Campos de Carvalho (1916-98), mas não na montagem do grupo. Os atores não convencem. O elenco coadjuvante é um fiasco à parte.

O recurso de video projeção é aplicado, mas não traz a atmosfera pretendida. Não há definição de tempo para a passagem da história, trilho certo para errarem no figurino. O cenário é capenga e a iluminação com o intuito de conduzir as passagens de tempo é aflita e desconcertante com seus tons numa escala de roxo ao verde indecifrável. A trilha sonora berrante e inicia com Bjork - Earth Intruders (!) finalizando com um sambinha de amor cantarolado pela moça ao meu lado na platéia. A platéia, diga-se, cínica como sempre, aplaude de pé toda esta confusão posto em cena.

Em certo momento, o protagonista diz algo mais ou menos assim "somos o inverso daquilo que não somos e seremos sempre o inverso do que não vamos ser". Acho que isso define um pouco a atual empreitada dos Parlapatões.

Zeca Bral fã dos Parlapatões segue arrependido de não ter ido ao cinema no sábado.

Foto: Divulgação

Um comentário:

  1. Putamerda...
    Será que a Mari sabe de alguma de bastidores??
    Nem vou, ó!

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