02 setembro 2008

★★★★☆ Control


A razão de não gostar de filmes em preto e branco quase me fez desistir de ver Control. Puxa vida, mas porque diabos um diretor faz um filme PB se estamos em tempos de Speed Racer? Como não pude com a minha controvérsia de não ter ido ao cinema ver o coloridinho Speed Racer, cedi ao capricho do diretor e fotógrafo holandês Anton Corbijn, e vi seu filme assim como um cachorro deve ver excitado a tal máquina de frango assado das padarias exibindo toda a suculência em bom preto e branco.


A história de Control você deve saber que é uma cinebiografia de Ian Curtis, vocalista da lendária Joy Division, banda pós-punk do fim dos anos 1970. Ian Curtis teve uma vida curta, morreu aos 23 anos após cometer suícidio em sua casa, dias antes de embarcar para uma turnê pelos Estados Unidos com sua banda. Ele não deixou bilhete algum explicando o motivo, e há expeculações de que a razão por ele ter se suicidado era sua suposta paixão pelo mito da estrela do rock que morre jovem. Em todo caso, vendo ao filme tudo o que você concluir será mera especulação, afinal o diretor optou por tratar dos anos finais da vida de Ian, a partir de seu ingresso para o universo musical em 1976, quando num show do Sex Pistols ele atinou que queria estar no palco e ofereceu-se a ser vocalista da banda de uns colegas.


Vale lembrar que o filme é co-produzido por sua viúva Debbie e tem roteiro baseado em seu livro, portanto temos a visão de uma esposa traída, que se casou muito jovem, teve uma filha rejeitada pelo pai e encontrou o seu esposo enforcado na cozinha de sua casa quando tratavam do divórcio, contudo por mais que haja ressentimentos por parte dela, temos aqui a oportunidade de divagar sobre a fatalidade que pode ser o amor (paixão?).

Ian se envolve com Debbie enlouquecidamente, propõe casamento e filho e numa apresentação da banda conhece a jornalista amadora Annick Honoré, passa a relacionar-se com a bela jovem e se vê divido entre os dois amores. A partir deste conflito somado à sua fragilidade física em consequência de seus ataques epiléticos constantes, Ian afoga-se em um comportamento egoísta e depressivo, que mais tarde o levaria ao suicídio e ao fim da banda Joy Division.


A interpretação comedida do desconhecido ator e cantor britânico Sam Riley dá voz e corpo a estrela do filme e obtém respaldo na excelente interpretação de Samantha Morton (a Agatha de Minority Report, lembra?) que vive a esposa de Ian, Deborah Curtis.

E por se tratar de um filme sobre um astro de rock a trilha sonora é elemento fundamental da obra e compõe todo o diálogo, uma vez que não se optou pela necessidade da eloquência do esclarecimento. Ouvimos Iggy Pop, David Bowie, Kraftwerk e lógico, muuuuito Joy Division e sua sucessora New Order.


Em seu primeiro longa de ficção, Anton Corbijn, mais conhecido por ter dirigido videoclipes, como Personal Jesus e Enjoy the Silence dos Depeche Mode e Heart-Shaped Box do Nirvana, além de outros para o Johnny Cash e U2, mostra que sua relação com música e fotografia foram primordiais para a realização dessa obra. Ele me fez entender que filmes preto e branco podem ser mais do que um capricho de diretor de fotografia, uma estética, mas uma metalinguagem.

Trailer Oficial



Depeche Mode | Personal Jesus by Anton Corbijn



"O suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia"
Albert Camus



Ceremony foi a última música tocada por Joy Division, antes da morte do vocalista. Aqui a gente ouve e baixa ela numa versão do Radiohead
. Yeah!

Ceremony


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O The Killers foi o responsável por fazer de "Shadow Play" a música de divulgação do longa. O Lico do Cajon me disse que eles tocaram por estas terras, na ocasião do Tim Festival do ano passado, mas vocês lembram da palhaçada toda que foi aquilo? Então, aí eu não vi a performance deles ao vivo, entende? Urgh! Abaixo eu divido o clipe e o download da faixa pra geral!

Shadow Play




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E toma aê mais duas do Joy Division que integram a trilha pra fazer sua vida mais Rock'n Roll. Hunf!

Atmosphere


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Love Will tear Us Apart


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★★★★☆ Control | Anton Corbijn | 121 min. 2007 | Reino Unido/ EUA

(+) Cineclick

Um comentário:

  1. Zeca, vc ja falou tudo...Sem mais!hehe
    So ressaltando que alem do filme, vale a pena conferir a trilha...
    abco

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