20 agosto 2009

ATÉ QUE A VIDA NOS SEPARE

Nossa geração tem um sério problema com o amor. Não sabemos ou não estamos dispostos a nos comprometer com uma pessoa como fazemos com um emprego. E é exatamente isso o que é uma relação: um puta trabalho. Não, não é um pacote que cai do céu com lacinho dourado. Não, ele não vai chegar num cavalo branco, todo sarado, cantar aquela música que você a-do-ra e prever/realizar seus desejos. Nã. E por mais que a gente saiba disso, teimamos em nos afastar cada vez que um pensamento ou vontade não bate. E daí se ele quer tomar umas e você quer comer pipoca no cinema? E daí se ela teve uma crise de ciúmes? E ele, que faz a maior bagunça - na sua casa - e não gosta de ler? Ao invés de dar um passo pra longe a cada fato desse, penso que deveríamos pegar um papel, uma caneta e fazer a velha e boa listinha dos prós e contras. De um lado o cara tem caráter, do outro ele ronca. Do lado esquerdo, vocês pegam fogo na cama; do lado direito, futebol toda quarta. Entende? Fodam-se os pormenores. É alguém especial? Seu corpo pede aquela presenca, o carinho é enorme, os planos parecem se encaixar perfeitamente na sua idéia de futuro feliz? Poxa, então vamos dar a cara a tapa, abrir o peito e fazer o que for preciso pra relação durar, evoluir. Mas aí a gente acaba se traindo. No capítulo dedicação; quando dá trabalho. A agência, a balada, o trânsito, o orkut, o youtube, o twitter, o iphone, o nextel, a viagem com a galera, os amigos no boteco, a gostosa do prédio e tantos outros atravessam nossa disposição. É coisa demais, tentação demais pra gente deixar de curtir e, ao invés disso, ficar colocando tijolinho após tijolinho pra construir aquela relação com aquela pessoa. Até porque enqüanto você se preocupa em compreender, ceder, ouvir, tolerar o amado, tanta coisa divertida acontece lá fora. Então nos tornamos essa gente divertida, distraída, livre, solitária e ocupada demais pra amar.

10 comentários:

  1. Fica fria, Isa: você dá trabalho, mas nós te amamos;)

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  2. Linnnnnnnndo post, Isa! Bateu aqui, viu? Tô nesse dilema aê. Mas tô na vibe pedreiro, tijolinho por tijolinho, pq legal eu já sou mesmo. :)

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  3. Nossa... gostei disso!!
    Achei q faz mto sentido o q vc escreveu.
    Dá trabalho amar, né? Mas concordo com vc... os prós e os contras... hehe
    Um colega meu diz que devemos escolher a pessoa pra amar levando em conta os seus defeitos e não as qualidades...

    Gostei do seu blog! Vou t linkar!
    Bjo

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  4. Isa, li pra minha amiga Giovanna aqui na facool agora, ela a-mou! :)

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  5. Será? Trabalho é obrigação. Ou o fulando nasce herdeiro, ou rala pra pagar as contas. Já transformar relação amorosa em projeto... Será que conceitos como eficiência, comprometimento e objetividade combinam com paixão, tesão e desejo? Acho esse tipo de romântismo casadouro, de "construir relação", uma coisa tão século XIX. Lendo seu texto eu lembrei das moças da família Bennet de Jane Austen, saca? Felizmente o nosso tempo é outro e as relações já podem ter começo e fim. Dura enquanto dá prazer. rsrs. ;-)

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  6. Uomini, a semelhança apontada no texto entre relacionamento e emprego é somente, e tão somente, dedicação e comprometimento. Obrigação, bater ponto, grampeador, time report, máquina de café a afins não estão em pauta. E construir uma relação não é romantismo casadouro; é investir no combo paixão-tesão-desejo para que ele proporcione cada vez mais prazer e não desmorone no primeiro obstáculo. Forget about Bennet de Jane Austen e tenha uma ótima semana. ;)

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  7. ooooh dear, verdades irrefutáveis sobre relações. mas cedo ou tarde, quem vive sem elas (as relacoes e as agonias).

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  8. demorei pra ler, mas adorei.
    tudo verdade e quer saber? quem troca os tijolinhos pela farra, uma hora vai perceber o q perdeu. ah, vai.

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