27 junho 2008

Teatro: Ação entre amigos

Cinema é assim, você vai pra se divertir quando não quer pensar, já teatro é um pouco diferente. Embora existam peças que não exigem que você formule outro pensamento senão um juízo sobre ela, é impossível você desejar não pensar e ir ao teatro displincentemente. O mundo está cada vez mais cruel e cada vez mais difícil divertir-se com o teatro.

Daí que ontem queria me distrair, evitei o Agente 86 nos cinemas e inventei de ir ao teatro do SESC Consolação, ver a peça Desconhecidos, de Díonisio Neto (hein?). Lá eu só confirmei o que ando pensando sobre o teatro mudérrrno: teatro é coisa de amigo.

O público é todo sorrisos aos amigos expostos em cena e aguardam anciosos pra aplaudir de pé a performance, num exercício de nobre fraternidade. E os amigos destes atores aqui (Dionísio Neto e Simona Queiroz), vale dizer, tinham rostos familiares - eu que não assisto as novelas da Record, SBT, Band, não sei dizer outro nome senão o da atriz Débora Duboc, tá? Me perdoem aê os outros atores não citados.

E o enredo da peça trata de dois atores casados e moradores de um prédio no Rio, na frenética tentativa de produzir uma peça e angariar alguns recursos pru dicumê. É tudo tão descompromissado com a qualidade que acho pura perca de tempo citar o que vi depois disso, mas pre-ci-so citar o que li na Folha Online a respeito da peça;

"O enredo traz um serial killer que ataca e mata mulheres de uniforme. O suspense que levou quatro anos para ser escrito, busca analisar o lado escuro da humanidade. O autor fez pesquisou sobre serial killers para a composição do personagem e transformou o fenômeno em um vilão com uma visão direitista do país."

Concluímos que para se fazer teatro também é preciso ter amigo na Folha, né? De fato a peça que este casal ensaia no apartamento trata mesmo de um serial killer, mas em se tratando de teatro já é sabido que geralmente o programa da peça ou o release enviado à imprensa dão uma indumentária não muito realista ao que se experimenta mais tarde na... imersão. Porque teatro, vamo combiná! é sempre uma imersão.

Mas por quê este compromisso com a reflexão? Teatro não pode ser só divertido? Pra quê essa carapuça intelectualóide que os faz distantes de nós, pobres mortais espectadores? Por que a empáfia?

Não quero romper a minha relação camarada que tenho com o teatro, pra alivar a tensão proponho um brinde! Vamos brindar a amizade: tim-tim. Afinal, o teatro bebe mesmo na camaradagem dos amigos, mas sabemos que um amigo não suporta muito um outro queixoso, logo se afasta e vai beber em outro botequim. Provável que no outro boteco haja uma loiraça hollywoodiana bem burrinha e fácil à espreita de um cara disposto a novas companhias.

Zeca Bral pretente assistir Agente 86 por recomendação do Rick Untura, membro aqui desta meia dúzia de amigos.

2 comentários:

  1. Exijo sobriedade neste bolg.
    Zeca, você está proibido de escrever bêbado. Dá pra sentir cheiro de álcool daqui! rs...

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  2. Comentando acima: xi, Zeca, não é só seu fígado que está reclamando, hein??...

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